quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Relato de atividades - Aluno Ricardo Ehlert

Após nossa primeira noite de bom sono tivemos um café da manhã delicioso às 8 horas, com direito a ovo, cuzcuz, tapioca e suco de maracujá. Depois de bem alimentados, começamos uma reunião para a escolha dos líderes de cada grupo, a Bruna foi escolhida por nós, e Adriana da UNICAMP. Em seguida, começamos a planejar nossas atividades, mas fomos interrompidos pela ilustre visita do prefeito Raimundo Boial, sua chefe de Gabinete Simone que arrumará o transporte para nossas idas as comunidades, a assistente social Magali, o engenheiro agrônomo Kleber que nos recebeu ontem no alojamento, Gerlandia e Régia responsáveis pela educação e a fisioterapeuta Geniane. Fomos muito bem acolhidos por todos, ofereceram todo o apoio necessário as nossas atividades e contaram um pouco sobre a história do atual governo, que veio da população de baixa renda e governa para ela, nos moldes de nosso ex-presidente Lula. A visita foi boa e rápida, logo em seguida continuamos a fazer o planejamento. Parecia fácil, no entanto, tínhamos que distribuir as atividades para a cidade e mais cinco comunidades distantes conciliando atividades junto com a UNICAMP como a gincana, dia do esporte, feira de profissões e montagem do biodigestor, basicamente um sistema que transforma esgoto em adubo. Fora que as atividades não poderiam ter conflitos de local e horário. Embora trabalhoso foi um prazer ver nosso projeto cada vez mais perto de ser executado, e de como estava bom.


Pouco antes do almoço, o Ricardo e o Edson da UNICAMP foram ao ginásio verificar o espaço para a realização do dia esportivo. Nesse dia faremos um campeonato de vôlei, basquete e futsal com direito a premiação, se possível. Enquanto as crianças menores confeccionarão pipas e outros brinquedos com materiais recicláveis. Os responsáveis pelo esporte da cidade, Walthier, Guto e seu companheiro se engajaram no trabalho prontamente, e nosso jogo já foi marcado. O pessoal aqui não brinca no esporte, para eles é coisa séria, a rivalidade numa competição é essencial, e eles adoram isso. Estamos até com receio de que venha gente demais e não seja possível dar conta de tudo.

Durante a tarde nos locomovemos para o povoado de Pau Ferro, que fica a vinte minutos da cidade. Viajamos em uma Ford vermelha cabine dupla, das antigas, alguns queriam a viajem com emoção, Karin, Rodrigo, Bruna, Daniela e Renata, esses foram na caçamba da Ford. Descemos em frente a escola local para conversar com a diretora. Precisaríamos das salas de aula para as apresentações e da divulgação do nosso trabalho. Assim que chegamos já vieram ao nosso encontro as mulheres do artesanato local, a pedido da Socorro Viena, secretária do turismo. Haviam bonecas de pano, bolsas e centro de mesa em palha de milho e restos de árvore envernizados e enfeitados com folhas, formiga, e ninho de pássaro. Tudo ali é exportado para o ceará. Como uma delas disse, a população local nunca dá valor ao que é produzido localmente. Mesmo assim, marcamos uma feira de artesanato para o último sábado. Quando faríamos também a feira de comidas típicas e apresentaríamos uma peça de teatro. A mais animada de todas, Dona Doquinha, uma viúva trabalhadora com oito filhos que sobrevive trançando fibras de uma vegetação típica da região enquanto assiste novela. Uma das mulheres que trabalham na escola nos puxou para uma conversa mais séria sobre o povoado, reclamando e pedindo ajuda para tirar os porcos das ruas, ela nos acompanhou por toda nossa visita. Foi ótimo ouvir aquilo, pois estávamos preparados para aconselhar o povo sobre esse problema. Encontramos o César na saída da escola, um homem grande e forte vestindo uma regata com propaganda de academia, e o único motoqueiro da cidade que vimos com um capacete, e olha que as motos são o principal meio de transporte da cidade. Marcamos alguns ensaios para a peça de Teatro com ele e seguimos para um passeio pela cidade, por cerca de uma hora, e encaramos a triste realidade de porcos soltos pelo povoado revirando o lixo jogado na parte de trás de todas as casas, crianças menores brincando peladas pela rua, algumas um pouco maiores vasculhando os lixos que são jogados pela parte de trás de todas as casas. Algumas casas com esgoto a céu aberto, e um lago onde nadam pessoas e outros animais ao lado de mais lixo. O passeio para conhecer melhor a cidade e divulgar nossa visita por meio de cartazes colados nas vendas mostrou um povo tranqüilo que vive sentado em frente da casa, e que não se sente muito à vontade em dar um simples boa tarde, principalmente os homens. Então vem uma pergunta à cabeça, se não conseguimos arrancar um boa tarde será que conseguiremos alguma participação em nossas atividades?

Na volta, passamos por mais um povoado, o Sobrado, menor que o anterior, e aparentemente mais acolhedor, contudo, o responsável pela comunidade não estava presente e não pudemos prolongar a visita, mas deixamos mais cartazes anunciando nossa presença. Chegando na cidade, encontramos o Yuri, ele ficou para gravar com o Guilherme da UNICAMP o anuncio do projeto Rondon que passará de carro com alto falante pela cidade amanhã, é o melhor meio de comunicação da cidade, e só para constar, aqui não existe jornal. Além do carro, haverá anúncios na rádio. Com um tempinho vago, alguns foram lavar roupa, outros tirar uma soneca, ou tomar mais um banho para refrescar, e as meninas trabalhadoras sentaram na frente do computador para rever a programação. Depois do jantar, mais uma reunião junto com a UNICAMP para repassarmos o planejamento. O Guilherme da biologia fez questão de nos mostrar um palito com o DNA da banana, que segundo a Karin é para saber de quem é a banana.

Enfim, terminamos esta segunda-feira satisfeitos com as atividades, o grupo continua imbuído e coeso em suas atividades,” pronto éh”.



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