Relatório de Atividades Dia 19/01 - Karin Becker

Primeiramente, gostaríamos de nos desculpar pela demora em postar as novidades, mas estamos tendo problemas com tempo, pois estamos desenvolvendo várias ações e com a conexão, que aqui é muito lenta. Apesar da demora, segue abaixo o meu relatório sobre as ações do dia 19/01, quarta feira:

“Nosso segundo dia de atividades começou às 06:30 com a nossa alvorada, coordenada pelo Guilherme, acadêmico de Biologia e rondonista da Unicamp: usando a aparelhagem de som que eles trouxeram, ele nos acorda a cada manhã com uma música diferente. A canção selecionada para hoje foi um funk carioca. No entanto, para tristeza geral, alguns minutos após o início da música a energia caiu e só voltou horas depois.

Devido a alguns problemas, fizemos novas alterações no cronograma: na terça-feira à noite nos reunimos com a enfermeira do PSF, Ana Paula e com a Kariely, coordenadora do programa aqui na cidade para decidir em que localidades seria melhor trabalhar, quais são as mais carentes e onde o nosso trabalho seria melhor aproveitado. Resolvemos então acompanhar os dias de atendimento médico nas localidades rurais que, devido à sua extensão tem alguns problemas de logística para reunir o público para nossas atividades, e, portanto, aproveitando que os pacientes se reúnem na unidade de saúde para as consultas, iremos abordá-los neste momento. Além disso, incluímos duas novas localidades: Lagoa Nova e Baliza. Segundo as meninas, são localidades bastante carentes, não possuem nem ao menos energia elétrica e esta última, enfrenta graves problemas com HIV e há uma grande carência de esclarecimento e educação da população sobre este assunto.

Pela manhã tivemos que dividir o grupo em dois: uma parte seguiu para Pau Ferro e a outra para Recreio, onde nossas ações já haviam sido divulgadas. Em ambas as localidades tivemos grande apoio da população que compareceu e participou ativamente em todos os momentos.

Após o almoço, onde pudemos finalmente provar da carne bode – que é muito saborosa, diga-se de passagem – partimos para a Taboca, juntamente com Graça, assistente da prefeitura. Taboca é um assentamento construído pelo governo, bastante grande e que fica mais distante da cidade: a cerca de 1 hora de viagem numa estrada de terra em condições bem ruins – muito estreita e com muitos buracos.

A estrada para o assentamento Taboca: muito estreita e com muitos buracos.

Mas a parte mais emocionante do dia estava para chegar! Logo na chegada, a tranqüilidade do lugar nos chamou a atenção: pouquíssimas pessoas em frente as casas – e na sede da associação de moradores onde iríamos desenvolver a atividade não podia ser diferente: não havia ninguém. Então surgiu o problema: e agora? O que fazer? Precisávamos de público! Foi então que resolvemos correr atrás dele: nos dividimos em duplas e saímos batendo de porta em porta chamando os moradores para nossa palestra – temos que deixar registrado que o assentamento conta com 1300m de uma ponta à outra, os quais percorremos centímetro por centímetro.



O assentamento Taboca: 1300m de comprimento. Note a calmaria do lugar!



Em cada casa onde batíamos éramos atendidos sempre com muita cortesia e simpatia por cada um dos moradores. Éramos convidados a entrar, tomar alguma coisa, mesmo que fosse muito pouco o que tivessem a oferecer. E assim seguimos chamando morador, por morador.

Às 16:00, horário marcado para a palestra ainda não havia nenhum espectador, mas aos poucos as pessoas chegavam e por volta das 16:10 iniciamos com a apresentação da Bruna sobre cuidados com as crianças. E a cada instante mais e mais pessoas chegavam, e quando nos demos conta a pequena sala da associação já quase não comportava mais tanta gente: chegamos a 40 espectadores do lado de dentro e cerca de 25 crianças na área externa fazendo as atividades de saúde bucal com a Professora Solena e com a Andressa.

Em poucos instantes a pequena sala da Associação dos Moradores ficou lotada de pessoas para assistir nossa palestra.

 

O que nos chamou mais a atenção e emocionou a todos foi que, mesmo a água sendo extremamente racionada todos vieram de banho tomado e arrumados com a melhor roupa que tinham. Temos que lembrar que água é artigo de luxo por aqui, pois o período e o volume de chuvas é muito pequeno e a água da cisterna tem que abastecer a casa o ano todo. Mas o mais importante de tudo: todos estavam muito interessados em aprender.

Para terem uma idéia do quanto isso foi forte, a nossa colega Renata não agüentou e caiu em lágrimas. Ela deu um depoimento muito emocionante para o professor Paulo – que está gravado e com certeza, em breve será disponibilizado.

Falamos com os adultos sobre cuidados com as crianças, saúde dos idosos, verminoses e com as mulheres mais especificamente, sobre câncer de mama. As crianças fizeram a atividade de saúde bucal e depois quem não estava apresentando foi ajudar a fazer pintura no rosto.

Na parte externa as crianças faziam atividade de saúde bucal e depois de pintura de rosto.

Saímos de lá ao entardecer, com uma vista maravilhosa da lua cheia brilhando no céu do, agora nosso, sertão e a certeza de que apesar de todos os problemas, de todo o estresse, de tudo que achávamos que estava combinado e teve de ser revisto, de todos os contratempos, tudo vale a pena. A cada situação como esta do assentamento Taboca temos mais certeza de que este povo é maravilhoso e merece todo o nosso apoio e a ajuda que conseguirmos oferecer. Temos cada vez mais certeza de que estamos no lugar certo na hora certa – e aqui, para qualquer um que tenha um pouco de vontade de ajudar o próximo, qualquer momento é a hora certa.

Para fechar o dia, chegamos no alojamento ás 19:00 prontos para tomar um banho e ir para a pizzaria, onde a professora Solena tinha se prontificado em pagar um lanche para todos nós, mas logo fomos avisados de que: 1) a água havia acabado na hora do almoço e ainda não tinha voltado e 2) a Socorro, responsável pela prefeitura viria aqui por volta das 21:00 para uma reunião a fim de acertar – novamente – o cronograma.

Improvisamos um chuveiro na parte externa da casa paroquial, onde estamos alojados, com a mangueira, presa ao teto da edícula. Alguns se aventuraram no banho ao ar livre enquanto outros, como eu, tomaram banho de balde e caneca no banheiro de dentro do alojamento. Terminei o relatório às 23:15 e a reunião com a Socorro, representante da prefeitura que está nos ajudando com tudo, acabou há pouco. A Bruna resolveu todas as pendências e agora, definitivamente, nosso cronograma está pronto.

Alguns dos nossos colegas estão resolvendo alguns detalhes das ações de amanhã e outros já foram dormir – que é o que farei agora pois o dia foi muito cansativo.

Em breve teremos novas notícias. Aguardem!!!”

Obrigada a todos que estão prestigiando o blog e torcendo por nós. Podem ter certeza que todos nós estamos muito felizes com o apoio!

Beijos à todos.

Karin Becker