Começamos esta terça com um aeróbico bem animado na praça, puxados pelo ritmo da musica e com a coreografia do Guilherme da UNICAMP, depois de aquecidos demos início a caminhada. Dessa vez havia mais crianças e mais axé, mas não tivemos palhaços, parece que o cansaço chegou aos rondonistas. Logo em seguida embarcamos no ônibus com destino à fazenda planalto, todos da UNICAMP mais os da PUCPR menos os professores Paulo e Solena, que ficaram para a palestra sobre acolhimento e humanização com os profissionais de saúde e depois nos encontraram na fazenda. A Fátima, a Socorro e o Wauthier acompanharam-nos para a maior plantação de caju e castanha de caju do mundo. A viagem de ida foi tranquila, no começo o pessoal estava animado. Até o destino foram duas horas de estrada, 43 km no chão batido e 20 km no asfalto.
A entrada da fazenda tinha um portão com desenhos de caju e havia várias casas do outro lado, existe uma pequena vila dentro da fazenda. Descemos do ônibus e fomos à casa administrativa, lá fomos recepcionados com um gelado suco de caju natural. O corredor da entrada tinha alguns quadros com mapas, fotos de festas, do papa João Paulo II e do ex-presidente JK e a história do fundador da fazenda, que completa 86 anos. No entanto, quem cuida dos negócios hoje é um vizinho do fundador, já que ele não deixou nenhum filho, seu nome é José Orlando, um homem de meia idade simples e tranqüilo. Começou explicando sobre a propriedade privada, com cerca de sessenta e três mil hectares. Desses, vinte e três mil para a plantação de caju. O restante para criação de dez mil cabeças de gado, que ajudam a comer o pasto entre os cajueiros facilitando a passagem do arado, criação de suínos, produção de feijão, soja e milho para alimentar os animais.
Primeiro, visitamos o armazém de castanha de caju, era um armazém bem grande, mas este último ano não teve uma produção boa, e apenas metade de um armazém, ao invés de três armazéns, estava cheio de castanha de caju. O que para nós já era muito, os olhos ficaram cheios e a boca aberta ao ver aquela montanha. A alegria foi tanta que subimos, pulamos e rolamos nas castanhas.
Depois da festa nas castanhas, nosso querido Wauthier lembrou o fazendeiro que o óleo da castanha mancha a roupa e provoca queimaduras na pele, e posteriormente manchas permanentes. O fazendeiro respondeu: “Olhe a alegria delas, uma vez só não faz mal a ninguém”. Percebemos na hora as roupas manchadas, mas as queimaduras só apareceram depois, e que coceira elas deram. Após o armazém, visitamos a casa de ferramentas, onde ficavam as peças, vacinas e óleos para os tratores e outras máquinas. Nesse momento, pensei que o passeio ficaria mais por ali, mas então chegaram dois pau de araras para começarmos o passeio pela fazenda. Carregamos eles com suco de caju, nosso almoço e começamos a viagem. Primeiro, visitamos a pocilga, criação de porcos, com direito a todos os tamanhos. O pessoal da UNICAMP ficou encantada com o biodigestor instalado. Logo em seguida, viajamos mais uns 15 minutos por uma estrada de terra entre os milhares de cajus, e chegamos em um abrigo para almoçar. Pé na estrada, conhecemos outra variedade de cajueiro plantada, o anão, e o mutado, resistente ao fungo que destrói a plantação. Mais viagem, com direito a paradinhas para explicações, chegamos a uma estrada alaga, a primeira vista, pensei que iríamos atolar, mas que nada, mesmo com água até a metade da roda continuamos, agora com mais emoção. Nossa penúltima parada foi em uma pedra com uns 25 metros de altura, onde estava um senhor sentado no topo. Adivinhe qual foi a primeira coisa que fizemos ao sair do pau de arara. Escalar a pedra é claro, uma ajudinha aqui e outra ali, chegamos ao topo, registramos a subida e descemos sem nenhum ferimento. Esse local era o ponto de encontro dos trabalhadores, quando foi chegando o final da tarde vários tratores foram chegando e estacionando no local, deveria ter uns 45 tratores. Chegou mais dois pau de araras para levá-los e o senhor que estava quando chegamos continuou lá fazendo guarda dos tratores. Até a última parada recebemos alguns pingos doloridos de chuva. A última parada foi no pomar da fazenda. Lá havia uma estufa para as mudas de cajueiros modificadas. Também havia acerola, carambola, pimenta, coentro, manga, siriguela, bacuri, tamarindo, jaca, mamão, laranja, limão entre outras. Comemos muita acerola, e provamos algumas outras que estavam maduras. Mas do coentro, fizemos questão de manter distância, pois já havíamos experimentado demais essa planta, todos os dias presente na nossa marmita. O Guilherme e Tatu da UNICAMP conseguiram quatro mudas de caju, duas ficaram para nós e esperamos poder plantá-las na PUC.
Chegamos ao fim do passeio, mas ainda não do dia. Diferente da ida com muitas canções e conversas, a volta foi um silêncio, todos exaustos do passeio. Chegamos a casa, e sobrou energia para jogar truco ou assistir ao filme do Lula. Nesse momento estava sentindo uma queimação no pescoço, achava que poderia ser do Sol, estranho, dia nublado e ninguém havia se queimado. Pedi para alguém ver, só o lado esquerdo do pescoço estava vermelho e havia um vergão nele. Dois dias depois, quando surgiram as pústulas, descobrimos que era a queimadura por potó. Um bicho bem pequeno que causava queimaduras se tocasse em alguém. Fui o primeiro, depois o Vinicius e a Karin foram premiados, também no pescoço.
Ricardo Ehlert
9P Medicina
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