Acadêmicos da PUCPR retornam transformados após o Projeto Rondon
Neste segunda feira (28/02) acadêmicos e professores retornam após 17 dias na cidade de Abará, Bahia.
Professora Elenara Beatriz Fontana (Odontologia), Professora Patrícia Piasecki (Direito), Barbara Steffen (Direito), Beatriz Canhoto Carula (Medicina), Caroline Borsoni de Souza (Odontologia), Cléa Mara Leineker (Serviço Social), João Estevam Abelha Januário (Medicina), Osmar Ribeiro Filho (Direito), Talita de Campos Melo (Medicina Veterinária), Thiago Cavinato (Odontologia) participaram do Projeto Rondon no período de férias.
A Pastoral da Universidade parabeniza a todos estes acadêmicos e professores que se propuseram a participar desta atividade desafiadora e emocionante.
Confira a mensagem que os rondonistas querem compartilhar com todos os acadêmicos e professores da PUCPR:
"Em agosto de 2012 iniciamos uma trajetória que culminaria com uma das maiores experiências de nossas vidas. Eramos mais de uma centena, depois dezenas, unidades, até restarem apenas 8, oito pessoas desconhecidas, mas unidas por uma característica comum: sentimento de fraternidade e amor ao próximo.
Nada acontece no Rondon se não houver fraternidade! Esse sentimento permitiu que, além de somar forças no auxilio aos mais carentes, nos uníssemos como uma verdadeira família nesses 17 dias.
Nosso grupo foi designado a compor a “Operação Canudos“, em um município Baiano chamado Abaré, as margens do rio São Francisco. Todas as riquezas que esse rio trouxe ao nordeste, entretanto, não se refletem na vida da população local. Já no caminho, de estrada de chão, que levava até a cidade, se percebem os rastros da fome, da seca, da lavoura que não vinga, da carcaça da criação estendida morta embaixo de galhos secos.
É incrível como o Rio São Francisco beneficia somente quem vive e produz as suas margens. O sertanejo que não tem condições de mecanizar e irrigar a sua lavoura, morre a míngua, as margens de um grande proprietário de terras que, por conta da irrigação consegue ofertar seus produtos até mesmo para o mercado europeu.
Viver no sertão por esses dias foi como pertencer, e só assim entender, o livro “Morte e Vida Severina “, de João Cabral de Melo Neto. Viver no sertão e luta diária, e ser forte, paciente e resistente, principalmente. Essa dura realidade, entretanto, não prejudicou em nada nossa recepção na cidade, pelo contrário. Quem vivencia na própria pele as chagas de uma vida seca, não deixa de acolher com alegria quem se prontifica a ajudar.
Chamou-nos muita atenção essa questão: como pode um mesmo nordestino que tanto sofre esboçar tamanha felicidade? Talvez, para quem vive com absolutamente nada, o pouco muito lhe parece.
O Rondon foi sem duvida a maior lição de cidadania que já experimentamos e, aquilo que se experimenta, não se explica em palavras.
Realizamos oficinas nas áreas de saúde, educação, cultura, direitos humanos e justiça. A nossa moeda de troca foi o olhar de agradecimento após cada lição ofertada, foi o aperto de mão dado, foi o abraço de cada criança que via no rondonista a vontade de ser aquela espécie de super herói um dia e poder mudar a própria vida.
As faltas de oportunidades tornou o nordestino carente resignado a própria condição. O fato de vestir a camiseta amarela do Rondon e sair às ruas, de certa forma trouxe – lhes de volta a esperança de que é possível mudar. Aportar no futuro, principalmente as crianças que, muitas vezes, respondia que queriam ser “rondonistas” ai serem perguntadas sobre o que desejam ser quando crescer.
Foi um orgulho vestir esse uniforme amarelo. O desejo de todo o grupo é o de que a próxima equipe de rondonistas da PUCPR vivencie essa experiência que não se explica em palavras que nossa formação como cidadão esteja sempre a frente de nossa profissão e que nosso coração seja sempre fraterno estendendo a mão a quem precisa."
João Estevam Abelha e equipe de rondonistas da PUCPR
Operação Canudos – Janeiro/2013
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